A educação depende do conhecimento menor ou maior que o
educador possua de si mesmo. Porque conhecer-se a si mesmo é o primeiro passo
do conhecimento do ser humano. A Humanidade é uma só. O ser humano, em todas as
épocas e em toda parte, foi sempre o mesmo. Sua constituição física, sua
estrutura psicológica, sua consciência são iguais em todos os seres humanos.
Essa igualdade fundamental e essencial é o que caracteriza o homem. As
diferenças temperamentais, culturais, e tipologia psicológica, de raça ou
nacionalidade, de cor o tamanho são apenas acidentais. Por isso mesmo a
Educação é universal e seus objetivos são os mesmos em todas as épocas e em
todas as latitudes da Terra.
Essa padronização, que devia simplificar a educação, na
verdade a complica, porque por baixo do aspecto padronizador surgem as
diferenciações individuais e grupais. Cada indivíduo é único, diferente de
todos os demais, mesmo nos grupos afins. O tipo psicológico de cada ser humano
é único e irredutível à massa. O mistério do ser, que aturde os educadores,
chama-se personalidade. Cada ser humano é uma pessoa. E o é desde o nascimento,
pois já nasce formada com sua complicada estrutura que vais apenas
desenvolver-se no crescimento e na relação social. É difícil para o educador
dominar todas essas variações e orientá-las.
Educar, como se vê, é decifrar o enigma do ser em geral e da
cada ser em particular, de cada educando. Renê Hubert, pedagogo francês
contemporâneo, define a Educação como um ato de amor, pelo qual uma consciência
formada procura elevar ao seu nível uma consciência em formação. A Educação se
apresenta, assim, como Ciência, Filosofia, Arte e Religião.
É Ciência quando investiga as leis da complexa estrutura humana.
É Filosofia quando investiga as leis da complexa estrutura humana.
E Arte quando o educador se debruça sobre o educando para tentar orientá-lo no desenvolvimento de seus poderes internos vitais e espirituais.
E Religião porque busca a salvação do ser humano no torvelinho de todas as ameaças, tentações e perigos do mundo.
O verdadeiro educador é o que pratica a Religião verdadeira
do amor ao próximo, naquilo que podemos chamar o Culto do Ser no templo do seu
próprio ser.
Não se trata de uma imagem mística da Educação, mas de uma
tentativa de vê-la, compreendê-la e aplica-la em todas as suas dimensões. O ato
de educar é essencialmente religioso. Não é apenas um ato de amor individual,
do mestre para o discípulo, mas também um ato de integração e salvação. A
social ou cultural, mas na condição humana, salvando-o dos condicionamentos
animais da espécie, elevando-o ao plano superior do espírito.
É fácil compreendermos como está longe de tudo isso o
profissionalismo educacional do nosso tempo, Tinham razão os filósofos gregos
quando condenaram o profissionalismo dos sofistas. Não se tratava apenas de uma
diferenciação de classes sociais, mas da luta contra o abastardamento da
Educação pelos que negavam a existência da verdade a troco de interesses
imediatistas.
Como ajustar os fins superiores da Educação às exigências de
uma civilização baseada no lucro? A falta de uma solução para esse ajustamento é
a origem da crise universal da Educação em nosso tempo. Não obstante, a solução
poderia ser encontrada na aplicação de processos vocacionais. Nenhum tipo de
educação coletiva pode ser eficiente se não estiver em condições de observar e
orientar as tendências vocacionais.
O desenvolvimento da Era Cósmica, apenas iniciada com as
conquistas atuais da Astronáutica, traz novos e graves problemas ao campo
educacional. Toda a Terra está sendo afetada pela nova concepção do homem e da
sua posição no Cosmos. O aceleramento do processo tecnológico está levando o
homem a conhecer melhor a sua própria condição humana. O ceticismo dos últimos
tempos vai cedendo lugar a um despertar de novas e grandiosas esperanças. A
Educação da Era Cósmica começa a nascer e os educadores começam a perceber que
precisa renovar os processos educacionais.
Livro Pedagogia Espírita J. Herculano Pires
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